segunda-feira, 1 de março de 2010

SANTARENSE - Entrevista


À Conversa com João Rego

A vida empresarial foi a sua propensão ainda muito jovem. Sentiu as dificuldades inerentes de uma pessoa ainda com pouca experiencia. Com o decorrer do tempo foi ganhando maturidade, confiança, sabedoria e hoje é considerado um jovem empresário de sucesso. Homem afável, de tratamento fácil, simples e duma postura e amabilidade invejáveis. Abriu a sua porta ao Santarense e trocámos impressões sobre variados temas.


Santarense - Ainda muito jovem iniciou a sua carreira na esfera empresarial sentindo como é óbvio as dificuldades daí inerentes. Com o decorrer dos tempos tudo foi melhorando e hoje há quem o considere um empresário com sucesso. Qual o segredo para este seu proclamado sucesso?

João Rego - Esse sucesso não tem grande segredo, a base é trabalho, dedicação e devoção a uma actividade extremamente complicada, mas que fruto de grande luta me tem levado a cumprir alguns dos sonhos pelos quais me atirei de cabeça ainda muito jovem, só com grande espírito de sacrifício e capacidade de sofrimento conseguimos vencer e eu não me consigo acomodar, comecei a minha vida profissional com tremendos problemas, mas foi o querer e a luta constante que me fizeram ultrapassa-los, não há outra forma de vencermos os problemas, quem ficar "à sombra da bananeira" bem pode esperar.

Santarense - A sua empresa está sediada em Nelas, um concelho pequeno, mas com alguma implementação industrial. Poderá considerar Nelas o seu suporte ou alavanca no seu corrupio comercial?

João Rego - Sim, Nelas e as suas empresas são a base da minha actividade, fruto de excelentes parcerias com as grandes empresas do concelho. Centramos grande parte do nosso volume de negócios na exportação e distribuição dos produtos dessas mesmas empresas, como a Borgestina, Coldkit Ibérica, etc.

Santarense - É sabido a grande concorrência que o atinge nesta região. Há boas relações e trabalho de intercâmbio entre a sua e outras empresas do mesmo ramo?

João Rego - Estamos num distrito onde existem duas das maiores empresas de transportes do país, factor que não nos tem prejudicado no crescimento, mas obriga-nos a cultivar uma politica de elevada qualidade, pois só assim conseguimos manter com o cliente uma relação de parceria e dedicação, factor diferenciador com o qual temos conquistado os clientes.

Santarense - A sua implantação saiu dos contornos Portugueses e virou-se muito acentuadamente para toda a Europa. Para alem de Portugal quais são os países mais visitados pela sua empresa?

João Rego - A TRAF faz transportes para toda Europa comunitária, tendo camiões todas as semanas em países como: Bélgica, Inglaterra, Republica Checa, Itália, Espanha e Polónia.

Santarense - Nos últimos tempos, a sua empresa tem crescido a olhos vistos. Diga-nos o número de empregados à sua ordem e quantos veículos tem a circular neste momento?

João Rego - Neste momento somos uma equipa com 16 pessoas, temos 13 viaturas pesadas e três ligeiras. Tendo como objectivo este ano, alcançar 1,5 milhões de euros de facturação, tentando ultrapassar sem grandes mazelas a crise que nos assola.

Santarense - Crise é a palavra do momento que afecta todo o mundo e em particular Portugal. Como tem lidado com esta epidemia internacional?

João Rego - Temos encarado este momento difícil que o mundo atravessa com grande coragem e realismo. Estamos num mercado que enfrenta fortes dificuldades de crescimento, mas nunca entramos em depressão e com a persistência e determinação de sempre saberemos esperar pela retoma que virá talvez em 2011. O ano 2009 foi também para nós um ano extremamente difícil em que a acrescentar ao forte declínio de encomendas, tivemos que incorporar no balanço algum crédito incobrável devido á falência de alguns clientes. Conseguimos porem fechar o ano com resultados positivos, graças a um ano de luta serrada em que toda a minha equipa deu o seu melhor para atingirmos tal objectivo.

Santarense - Há muitas empresas a fechar portas neste momento e a recorrer ao lay-off para assegurar os seus postos de trabalho. Na sua opinião, o Governo tem dado o apoio suficiente para sustentar essas empresas?

João Rego - Penso que o Governo tem feito alguma coisa para manter alguns postos de trabalho, mas parece-me que o tem feito de forma menos adequada. Na minha opinião, deveria apoiar mais o consumidor final, para que ele através da aquisição de bens e serviços estimulasse de forma natural a economia. Esses apoios não deveriam ser dados em forma de subsídios, mas sim através de benefícios fiscais e outros.

Santarense - Os analistas políticos falam numa inevitável subida de impostos, enquanto os sindicatos reivindicam uma subida dos salários acima da inflação prevista. Qual a sua opinião a este assunto?

João Rego - O Governo tem pouquíssima margem para aumentar impostos, pois Portugal já tem das mais pesadas cargas fiscais na Europa. Em relação aos salários penso que devido à deflação de 2009 e ao difícil momento das contas públicas, não penso que seja o momento adequado para aumentos salariais, estando o governo central e local obrigado a rever a despesa, nomeadamente a despesa corrente de forma a reduzirmos o gravíssimo endividamento da Nação.

Santarense - Viramo-nos um pouco para Santar, terra que muito estima. Foi dirigente do SCS há uns anos atrás e certamente tem o mínimo conhecimento de como vive o nosso clube no momento. Que diferenças há entre o seu tempo de director e o actual?

João Rego - Dez anos volvidos as diferenças são grandes; na altura em que entrei no clube, encontrávamo-nos na antiga 2ª divisão distrital, com uma situação financeira confortável, num clube habituado a honrar os seus compromissos. Nos últimos dez anos, o clube subiu de divisão, atingindo excelentes resultados no campo desportivo, mas como todos sabemos, passando por tremendas dificuldades no campo financeiro. Passei pela direcção do SCS com espírito de missão onde em conjunto com uma excelente equipa de dirigentes, conseguimos todos os objectivos a que nos propusemos, que passaram pela manutenção de divisão e deixar à Direcção vindoura uma excelente situação financeira, sem passivos e com mais de 1.000 contos em caixa. Espero que a Direcção actual consiga resolver os problemas que tem em mãos, devolvendo ao clube o bom nome que sempre teve, nomeadamente no cumprimento das suas obrigações, deixando à futura Direcção pelo menos uma situação semelhante à que encontrou.

Santarense - Falou-se da abordagem à sua pessoa para encabeçar a lista do Partido Socialista à Assembleia de Freguesia de Santar. Conte-nos o que realmente aconteceu e o que acha de Santar em termos políticos?

João Rego - É verdade que fui abordado, mas declinei o convite em virtude de em nada me identificar com a forma de fazer politica na freguesia e concelho. Santar nos últimos anos tem padecido de uma tremenda falta de investimento, onde a inércia reina, faltando às diversas entidades públicas capacidade de trabalho, ideias, horizontes e coragem para investir na nossa terra que tanto potencial tem e quase nenhum está aproveitado, factor que nos leva a estar dependentes da vontade de algumas pessoas que em vez de verem Santar como realmente merece, deambulam entre argumentos falaciosos que deixam Santar muito aquém do seu desenvolvimento merecido.

Santarense - Sente-se uma pessoa acarinhada em Santar e pensa um dia mais tarde por exemplo ser candidato à Junta de Freguesia de Santar?

João Rego - Tenho com quase todas as pessoas de Santar uma excelente relação, conhecendo-me a maior parte delas desde criança, tendo sido cá criado com base em valores como: a família, a honestidade, o trabalho, a solidariedade, etc., valores esses que tento por em prática todos os dias e é com essa postura que todos os Santarenses podem contar. Não excluo totalmente ser Presidente de Junta, mas não está para já nos meus horizontes, pois penso que pelos argumentos expostos na anterior resposta, seria muito difícil pactuar com procedimentos e vícios que actualmente estão enraizados na política local.

Santarense - Apesar de ainda jovem, conhece bem o mundo que o rodeia; o que falta a Santar para ser realmente a jóia do nosso concelho?

João Rego - Infelizmente, grande parte das pessoas em Santar olham muito para o seu próprio umbigo e esquecem a comunidade, criticando até quem de forma empreendedora tenta avançar no plano profissional ou outro. Penso que se a sociedade civil Santarense se unisse, poderíamos em conjunto promover Santar para que a nossa terra conseguisse finalmente encontrar um rumo de desenvolvimento, conseguindo fixar os jovens casais que saem de Santar à procura de melhores condições, e tanto que Santar tem perdido com isso. Santar tem que ganhar a notoriedade que tanto merece.

Santarense - No aspecto meramente pessoal, sabe-se que é divorciado e tem dois filhos. Neste momento, como é composto o seu agregado familiar?

João Rego - Estou novamente casado, tenho uma esposa maravilhosa. Em relação aos meus filhos temos uma extraordinária relação, sendo eles dois jovens com tremendo potencial dos quais me orgulho muito e tudo tenho feito para que nada lhes falte, tanto emocionalmente como economicamente. Felizmente tudo tem corrido pelo melhor. Temos sempre que lutar por aquilo em que acreditamos e nunca desistir na busca constante da felicidade. Nada no foro pessoal me envergonha e encaro todos os problemas com a coragem e determinação de sempre, sentindo-me no plano familiar completamente realizado.

Santarense - Também é sabido que investiu em Santar nos últimos tempos. O que tenciona fazer e quais são os seus projectos e ambições para o futuro?

João Rego - Sim é verdade que tenho feito alguns investimentos e que mais alguns estão para se concretizar, tenho como objectivo, e de acordo com o que atrás defendi, tentar com o investimento na área imobiliária e turística a realização económica mas, principalmente a promoção da nossa terra, tentando com alguns investimentos criar alguns postos de trabalho locais e a criação de condições para que os jovens gostem de viver em Santar.

Santarense - Fazendo uma retrospectiva do que foi a sua vida até ao momento, perguntava: é um homem realizado e compensado com este seu esforço e valeu a pena esta persistência?

João Rego - Sinto-me feliz e realizado, tanto no campo pessoal como profissional. No campo pessoal tenho uma família maravilhosa que sempre me apoiou nos momentos mais difíceis em que todas as forças foram precisas para ultrapassar alguns maus momentos. Enche-me de orgulho o espírito que encarna a minha família onde os valores da amizade e solidariedade estão sempre presentes. No plano profissional sinto que ainda muito caminho há a percorrer, mas é com uma tremenda satisfação que, depois de muitos anos de luta e dificuldades, sentir que consegui atingir muitos dos objectivos que me fizeram ultrapassar o cabo das tormentas. Por último, peço a todos os Santarenses que se unam, independentemente de diferenças no plano politico, clubistico ou religioso. Santar precisa de todos a remar para o mesmo lado, só assim conseguirá progredir. Vamos deixar-nos de atitudes mesquinhas e vamos apoiar quem por Santar faça algo de positivo, por tal, uma palavra de apreço à Associação “Os Amigos de Santar”, pela sua postura apolítica e pelo que já fez e pelo que perspectiva fazer, desejo-lhe um futuro profícuo bem como a todas as associações de Santar que tanto fazem pela nossa comunidade, a todas e como Santarense agradeço.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.